língua do vento

Ai, que dificuldade.

Sabe, gente, que só nos terrenos brasileiros é possível viver como brasileiro. Não importa a vontade, não importa a ídioma empregada, não importa o abraço, não importa a comida… se torna brasileiro quem pisa na terra brasileira. Abra a porta carioca, deite na cama paulista, seja tocado pelo vento porto-alegrense… aí gente, o coração cai e quebra, e nos espaços assim criados se insinua o pulso do sul…

Vem aqui, no entanto, e as portas do sul fecham com violência. Lá se foi, amigos, o abraço carinhoso, as incertezas do Brasil trocadas pelas inseguranças gringas.

Continuo escrevendo canções na língua brasileira, pois não é possível espressar certas emoções, certas verdades, sem usar sua ídioma de fogo e de coração.

E daí? Vocês estão lá, e a minha canta aqui. Eu canto com a voz que ganhei nos anos na terra gaúcha, mas aqui eles escutam surdos.
 
Ah well.

Mundo é maior que permitimos, que conseguimos abraçar; vida é maior que conseguimos enxergar.

Uma pequena carta de saudades, pelas águas e plantas e verdades do Brasil.

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