belo horizonte

uma palavra balançou
na ponta da língua
falada, calada, falada, calada
batuque rítmo de coração

será que este por do sol
seja à medida do seu nascer?
o menino enraizado só
(arvore-gurí, criança-flor)
se sente o peso diferente
nas almas dos seus pés;
de cima, entretanto
sol é sol

até o día em que sangue dispara
com tamanho desejo, o corpo canal
com gritos do mar e da morte
falado, calado, falado, calado
uma gota de sal como vinho
da ponta da língua traçada
doçura na linha ereta
boca garganta ventre

na linha do horizonte, o pulso
de vida-além-vida
ao alcance da ponta do dedo
rítmo coração dela-minha
nem faz diferença de quem
voou aos raios do sol
ou cego, em chamas, caiu

se diga: que foi feito, é fato; sei näo
pois palavra, que é tudo, balança
a estas alturas, para lá, para cá
prá ca-ca-calada, falada, calada, falada

belo horizonte

a word teeters
on the tip of the tongue
spoken silenced spoken silenced
drumbeat-stutter of the heart

could this sunset ever reach
the beauty of it’s rise?
only the young man rooted
(tree-boy, child-blossom)
could weigh the difference
in the souls in his feet;
from above, meanwhile
sun is sun.

until the day the blood jumps
with such desire, the body-channel
shouts of the sea, shouts of death
spoken silences spoken silences
a droplet of salt like wine
from tongue-tip tracing
the erected line
mouth throat womb

at the horizon-line, the pulsing
life-beyond-life
within reach of the finger-tip
the heart’s drumbeat: hers-mine
it doesn’t matter who
flew at the sun’s rays
or, blinded by the flames, fell

they say what’s done is deed: this I doubt
for one word can be everything
teetering at these heights, this way and that
silences spoken silences broken

July, 2010, West Newbury, MA

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