Longe das planícies fúnebres
onde contra o inverno cultivam grãos
suas raízes ténues e fúteis
frente ao frio iminente
e a foice nas mãos
tragei o ar inspirador
do mar de tudo nascente.

Foi longe das planícies
inmensuráveis as léguas
ou as horas, os desejos…
entre aquele passado
e este presente quantas guerras
quantas mortes acompanhando tréguas
quantos enterros e flores de caixão
quantas orações de despedida
batizando vidas desviadas
ou vias novas a chamar.

Sentí falta dos campos cheios não
no meu assento de pedras
as vozes famintas das gaivotas
arando o ar afiadas
e o vento inspirador
do mar de tudo nascente
mar dos mais possíveis
soprou nada e mais nada
da complexidade plana
atrás de mim.

Great Plains © SalsolaSrock.deviantart.com

Far From the Plains

Far from those funereal plains
where against the winter grains are sown
roots tenuous and futile
in the face of the coming ice
and the scythe in hand
I breathed the instilling air
of the sea of all arising.

So far from the plains
the immeasurable miles
or hours, or desires
from that past
to this present how many wars
how many deaths escorting truce
how many burials and casket flowers
how many farewell prayers
baptizing diverted lives
or new roads calling.

Did I miss the ripening fields: no
from my stone bench
the famished voices of gulls
were sharpened, plowed the air
while the instilling wind
from the sea of all arising
sea of the most possible
breathed nothing and nothing more
of the flat complexity
I’d left behind.

August, 1998 – Santa Catarina, Brazil

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