"Pois, deus virou vida, assim mesmo: virou gramado, virou ar, foi respirado, e apenas então aprendeu perder…"
"Não diga." Meio-sorriso, rosto virado para que desconfiança seja oculta, perdida na sombra.
"Digo, sim, querida. Digo sim. As terras foram secas, os lagos apenas buracos no pele da planeta, ocávo, esperando…" Mas não quis saber. Oferecí água; não quis saber. "Deus tinha o meu rosto, e o teu. Olho para olho, alma a alma, e o deserto entre os dois. Aprendia perder, sim. Não acreditas?"
Acima, as nuvens se juntaram, como palmas aplaudindo. A palma se encontrou a outra, e uma faísca de luz, relâmpago, choque de voz, ruínas, perdidos, chover. Ela silenciosa, nada a responder. "Sabia — olhando para cima, a noite se estende como papel para a pintora, só que é negra, e no espelho entre as estrelas, o mesmo poço que teus olhos, mesma profundidade franca que as pupilas. E desde estes poços vieram as águas do mundo, choro de deus, que eu também choro."
Olhando de nada para nada, ela me observa. Estou falando besteira, pintando a quadra negra, deixando as águas sem chão.
"Pois assim, deus virou vida, em tu, em mim, para que poderia sorrir e criar o sol de manhã, o chorar e molhar toda esta terra, esta tu, este eu."
"Bravo, amor. Bellísimo. Agora… vem para cama? Favor, não há nada no céu, que deverias procurar agora."
Words are thoughts become shapes. Sometimes they rise from the page from this tongue, sometimes that. The surface of the water moves with the slightest breeze; at the depths of it, silence.